SÓ DIA 23?… É POUCO!

MEU OGUM MEU ORIXAEstamos chegando no dia 23 de abril, “Dia de Ogum”. Centenas de festas são realizadas para comemorar esse Orixá de tanta força e representação em nossa Umbanda e em nossa vida. É uma das festas mais importantes e mais empolgantes da Umbanda, caracterizando o próprio Orixá.

Sabemos que Ogum é a Ação da Lei; reta, correta, ativa e justa.

É o impulso que nos faz lutar para conquistar.

É a capacidade de capacitar, de permitir e abrir.

É o sangue quente percorrendo nosso corpo, alimentando nosso coração e oxigenando nossa mente.

É a determinação que nos proporciona a liberdade em seu sentido real.

É o guerreiro, o desbravador que nos permite a evolução.

É o Ar e o Fogo Ativando e Transformando Tudo e Todos!

Ogum é aquele que sempre está em “ronda” para proteger os injustiçados e fazer a ordem ser cumprida com vigor.

Sou suspeita em falar, mas cultuar Ogum é vital para aqueles que querem vencer suas batalhas internas e externas, com força, coragem e determinação.

Portanto, Ogum É OGUM!

Eu, particularmente, tive e ainda tenho maravilhosas vivências, bênçãos e, por que não dizer, milagres concedidos por esse Orixá.

Sua ação é tão expressiva em minha vida que pensar em participar de sua festa é muito pouco para demonstrar meu amor, minha fé e minha total devoção a esse Orixá.

Lembro com muita emoção uma das inúmeras manifestações de Ogum em minha vida que aconteceu no início do meu desenvolvimento mediúnico.

Fazia pouco tempo que eu havia entrado naquela corrente de trabalho, o terreiro era grande, com cerca de 150 médiuns e na época, fazia um trabalho assistencial religioso para cerca de 1000 assistidos.

Meu Pai Espiritual, o qual respeito muito, era e ainda é um nome importante na Umbanda, um grande líder religioso, que semanalmente permitia e abria as portas de seu terreiro para a assistência e para os médiuns encontrarem um caminho divino para percorrer e respostas para suas inquietações e aflições.

Pois bem, fazia pouco tempo que eu ‘conhecia’ a Umbanda e que estava naquele terreiro, portanto, mesmo atuando ativamente como médium, também tinha minhas aflições e inquietações, principalmente em relação a minha caminhada espiritual e a casa que agora fazia parte.

Quem já não se fez perguntas do tipo: ‘estou no caminho certo?’ ou ‘será que devo confiar nessa casa?’, mesmo porque, no meu caso especificamente, tinha acabado de sair de um terreiro que me deixou grandes marcas negativas sobre a Umbanda, sobre a estrutura “Terreiro” e a conduta moral do líder religioso.

Outro ponto significativo para minhas aflições era que minha família, marido e dois filhos, também estavam comigo correndo o mesmo ‘risco’, poderia ser outra roubada.

E, no meio dessas aflições que envolviam a mim e meu marido, a fé, a busca pelo melhor, o amor, a espiritualidade e a paciência em obter as respostas, sempre estiveram presentes de forma muito ativa, viva e até harmonizadas.

E chega dia de gira, mais um dia comum se não fosse um detalhe, era dia 23 de abril, dia de Ogum, fato esse que passou despercebido por mim e pela minha família até chegar ao terreiro e me posicionar. Foi na fila da corrente mediúnica, ao esperar a gira começar, que ouvi comentários sobre o dia de Ogum.

Automaticamente olhei para meu marido que estava do outro lado, na fila masculina, e percebi que ele também já sabia do fato. Saliento que na época conhecia muito pouco sobre a Umbanda, os estudos e as informações eram muito escassas.

E de repente a curimba rufa, o Pai entra e o canto começa. A defumação acontece e meu corpo sente uma energia fora do comum, fiquei meio tonta, fora de foco, mas tudo sobre controle. Perto de mim estava minha filha pequena com 7 anos e cerca de 90 médiuns mulheres. À minha frente, do lado esquerdo do terreiro, estava meu marido e a fila de médiuns homens, cerca de 60. Na curimba, junto com o Ogã do terreiro, estava meu filho, na época com 12 anos.

Tudo estava tranquilo, os cantos, os médiuns, a energia e minha família, no entanto as perguntas martelavam meu mental e foi nesse momento que eu decidi algo diferente para mim, decidi que independente de eu estar no lugar certo ou fazendo a coisa certa, eu faria e estaria plena, verdadeira, corajosa e aceitando o que seria de meu merecimento. Sem dúvidas, sem medos e sem preocupações.

Envolvida por esse turbilhão de pensamentos, emoções e no auge da mais importante decisão da minha vida a curimba rufa com vigor, o Pai saúda Ogum, todos se ajoelham e o canto começa: nessa casa de guerreiro, Ogum… vim de longe para rezar, Ogum…, louvo a Deus pelos doentes, Ogum…

Nessa hora o único pensamento que me envolvia era “Eu me entrego Senhor, eu me entrego em suas mãos, faça de mim seu instrumento e me aceite como sua filha!”

As lágrimas escorriam, minhas mãos suavam, meu corpo tremia e meu coração batia com tanta força que achei que não iria aguentar…

Não aguentar?

 O que é isso para Ogum!!!

Quanta coisa ainda tinha que aprender…principalmente no quesito da Dúvida.

Como duvidar? Como achar que estamos sozinhos, perdidos ou que lágrimas escorrendo, corpo tremendo, mãos suando é o suficiente e o máximo que a espiritualidade pode nos proporcionar? Pois Ogum É OGUM, ele não se contenta com pouco, como também não faz pouco em nossa vida.

Estava ajoelhada, e abro um parêntese para enfatizar que meu desenvolvimento ainda estava no inicio, que na assistência estavam cerca de 1000 pessoas esperando e pedindo a benção dos Orixás e outro detalhe: quando o Pai incorporava, principalmente Ogum, era o ponto máximo para os médiuns tamanha era a força e a vibração desse Orixá, todos abaixavam suas cabeças com total respeito, devoção e reverência, algo emocionante de se ver. Então, estava eu, ajoelhada e totalmente entregue, Ogum estava em terra com suas espadas astrais em punho, percorrendo o terreiro, saudando o povo da rua, envolvendo a todos indistintamente quando senti uma presença forte sobre mim, abri os olhos lentamente para ver o que poderia ser e para meu espanto vi os pés, somente os pés de meu pai espiritual. Isso mesmo! Ele estava sobre mim, as espadas de Ogum estavam sobre mim, minha cabeça parecia que ia explodir, meu coração bateu forte como nunca e sem saber o que fazer, lentamente levantei meu olhar até que ele, Ogum, gesticulou para que eu me levantasse.

Nossa! Confesso que não estava entendendo nada – como assim eu? Não! Estou enganada, é com outra pessoa! – pensava… e olhei para os lados, todos continuavam de cabeça baixa, e então olhei de novo para Ogum e ele reafirmou sua solicitação.

Nessa hora, meu coração explodiu, eu já não era mais eu…  Cheguei a cair no chão de tanta energia, e ao me levantar, estava totalmente tomada e plena dessa energia.

Era Ogum!

Ogum, me aceitou e me acolheu.

Ogum provou e afirmou a sua existência.

E agora eram dois Oguns marchando plenamente por cerca de 40 minutos naquele terreiro sagrado envolvendo as dezenas de médiuns e as centenas de assistidos que ali se encontravam em um único compasso ao som do atabaque a rufar sem parar, respondendo muitas perguntas e apaziguando muitos corações aflitos!

As lágrimas eram incontroláveis, assim como o movimento do corpo.

Simplesmente inesquecível, verdadeiro e acalentador.

A gira em si teve seu percurso normal apesar de nunca ter ocorrido uma manifestação como aquela no Terreiro.

Mas as emoções para mim ainda não tinham acabado, mesmo porque isso é muito pouco para Ogum. Quando retornávamos para casa, meu marido e meus filhos comentaram sobre o ocorrido, era a primeira vez que conseguíamos conversar depois de entrarmos no terreiro, e meu marido me contou que  chorou muito quando viu aquela cena pois, assim que ele soube que era dia de Ogum o único pensamento dele era:  “PAI ME DÊ UMA PROVA DE QUE EU E MINHA FAMILIA ESTAMOS NO CAMINHO CERTO”

Compreendi, naquele momento, porque meu coração é “vermelho”.

Compreendi, naquele dia, porque Ogum É OGUM!

Compreendi o quanto esse orixá atua em nossos corações.

Compreendi o quanto ativo, vivo, pulsante é sua ação.

Ele, o Divino, o Panteão, a Força, o Ar, o Fogo, o Senhor e Pai, é TUDO em si e favorece TUDO DE SI, basta entregarmos TUDO que somos.

Isso É OGUM!

Claro que Ele ainda continua dizendo para mim:  É POUCO!

Claro que as emoções que já senti por Ele e com Ele, para Ele, É POUCO!

E é claro que minha demonstração de amor por Ele ainda É POUCA.

E como eu, assim como Ele, não me satisfaço com pouco quando a questão é TRABALHO e AMOR, postarei todos os dias, durante sete dias, matérias sobre Ogum, ESSA É NOSSA FESTA. Serão ensinamentos sobre sua ação, suas qualidades e manifestações, serão histórias emocionantes somente sobre Ogum.

Portanto, ficarei muito feliz se eu puder contar com todos nessa corrente de emoção, agindo como Ogum em nome da fé, do crescimento humano e da evolução espiritual.

Será muito bom conhecer as histórias de fé de todos.

Participem, contem as mudanças que Ogum já fez ou faz na vida de vocês, o blog está aberto a todos que têm e que querem compartilhar o Amor.

Vamos fazer o Astral tremer de emoção, Ogum chorar de alegria e a Umbanda refletir sua verdadeira Luz Divina! Plena, viva e envolvente.

Vamos emocionar e nos emocionar.

Afinal, Ogum É OGUM!

Patacury Ogum!

HINO DE OGUM:

Nesta casa de guerreiro, Ogum
Vim de longe pra rezar, Ogum
Rogo a Deus pelos doentes, Ogum
Na fé de Obatalá, Ogum

Ogum salve a casa santa, Ogum
Os presentes e os ausentes, Ogum
Salve nossas esperanças, Ogum
Salve velhos e crianças, Ogum

Nego velho ensinou, Ogum
Na cartilha de aruanda, Ogum
E Ogum não esqueceu, Ogum
Como vencer a demanda, Ogum

A tristeza foi embora, Ogum
Na espada de um guerreiro, Ogum
E a luz do romper da aurora, Ogum
Vai brilhar neste terreiro, Ogum

Uma excelente semana de Ogum a todos! Muito axé e até amanhã!

por Mãe Mônica Caraccio

12 ideias sobre “SÓ DIA 23?… É POUCO!

  1. Nossa, essa história é fantástica. Mesmo já a conhecendo é impossível conter o arrepio e a emoção. Ogum é isso! Arrepio, emoção, ação. Ogum é milagre!

    Sou muito abençoado por ter esse Orixá comigo e com certeza tudo que faço também é muito POUCO.

    Ogum Yê!

  2. Salve Ogum, o senhor dos caminhos! Aquele que nos dá a força e a determinação de um guerreiro. Batalhas todos nós temos, e que Ogum nos dê força para enfrentá-las com garra, mirando no objetivo maior.

    Grandiosa história! Obrigada por dividir os sentimentos e as dúvidas que rondavam (assim como é conosco algumas vezes) e mostrar que quando se tem fé, as dúvidas se tornam pequenas, daí temos a certeza que devemos vestir nossas armas e lutar por um bem maior.

    Axé!

  3. Axé Mãe….
    Ao ler este texto me fiz presente ao momento de todo o ocorrido… Maravilhoso, divino, sagrado…..

    Patacuri Ogum

  4. Axé mãe!
    Que honra…ouvir da senhora: “Ogum é energia vibrante. Ação da Lei…a Ordem.”
    Agora consigo compreender…”É ação Ordenadora e Realizadora.”
    Particularmente dia 23/04 É uma data muito importante para mim e minha família eu chamo de “O Grande Dia “…afinal foi o dia em que tive a honra de entrar para a corrente mediúnica da Umbanda Carismática….huhuuu a Mãe Mônica!!!
    Nossa como para mim era maravilhoso estar nas aulas…eu admirava (assim é até hoje).
    Foi um dia incrível e de grandes milagres….Eu ainda não tinha noção de como seria a gira, afinal estava tão apreensiva…mas ao mesmo tempo entregue aquela energia pulsante..Não consigo ainda escrever todas as sensações daquele dia…quando lembro…meu coração acelera, sinto um calor nas mãos…huhuuu Ogum Meu Pai!!!
    Sai da gira extasiada, encantada e acima de tudo maravilhada!!
    Não existe conquistas sem a permissão de Ogum!!!!!!!
    Patacury Ogum.

  5. Como sempre suas experiências são literalmente sentidas na pele ! Ogunhê … Realmente é pouco. Ogum é vida que pulila! Ogum é forja de um verdadeiro vermelho que realiza a quem é merecedor … Lei. Ordem … Coragem .. Ogum é boa vida … É vida bem vivida ! É caminhoneiro… É navio negreiro … É trilho de trem… Ogum é pesado na feijoada … Leve no mar … Ogum é quem nos faz crer nas configurações da batalha contra o orgulho … Contra a pedancia. Orgulho de ser um soldado desse verbo Divino .

  6. Minha linda Mãe Monica !!! Que saudades de vc !! Saudades dessa sua vibração vermelha, pulsante e emocionante !! Uma das maiores afinidades que tenho com vc, é esse amor pelo Orixá Ogum.
    O meu amado Pai, a quem devo tantas conquistas, vitórias e acima de tudo superação. Pque Guerreiros nem sempre ganham as batalhas, e então saber recuar e recomeçar do zero, com garra, tenacidade e determinação, foi um dos maiores ensinamentos e atuações de Ogum em minha vida.
    Numa determinada vez, numa situação em que eu estava muito triste e desanimada com tudo, pois muitas decepções e enganos tomaram conta da minha vida (principalmente na espiritual), decidi que não participaria mais da Umbanda, que não seria mais médium (como se fosse simples assim !!) e que deixaria a Casa que frequentava no dia seguinte. Naquela noite tive um sonho, que até hoje lembro em detalhes. Estava eu, sozinha, numa praia, de roupa branca, até que apareceu um homem alto, forte, com uma roupa estranha e pouco apropriada para uma praia. Parecia ser uma roupa de couro, na cor escura (mas não era preto) e usava um tipo de chapéu estranho tbem. Ele se aproximou, e me disse: ” Vamos, vc não pode parar !!! Caminhar para frente e para o Alto é seu dever !! Eu vou com vc e se vc cansar, eu espero vc recuperar suas energias, para retomarmos a caminhada!! Nesse momento eu, que estava de costas para o mar, me assustei com uma onda mais forte que molhou minhas pernas, qdo me virei em direção ao tal homem, ele tinha simplesmente desaparecido. Acordei desse estranho sonho, suada, com o coração batendo forte e ofegante, como se tivesse corrido muito.
    Fui ao Terreiro que frequentava, ainda com o proposito de “pedir as contas”, e quando pedi para falar com o Chefe da Gira, fui alertada que o Caboclo do Pai Pequeno é quem queria falar comigo. Era o sr. Sete Lanças, Caboclo da Linha de Ogum e Falangeiro de Ogum Beira mar. Por ser Caboclo cruzado e doutrinado para atendimento a consulentes, ele se comunicava verbalmente. Quando me aproximei dele sem falar nada, ele me abraçou e me disse: “Filha, vc não pode parar !! Caminhar para frente e para o Alto é seu dever !! Vamos juntos, iremos com vc !! Um bom pai nunca abandona um bom filho !! E qdo vc cansar , ficar triste e quiser parar, nós esperaremos vc . As àguas do mar sempre serão balsamo para suas dores e Ogum nunca a deixará só !!
    Não preciso dizer o quanto chorei, que me ajoelhei aos pés do sr. 7 Lanças e agradeci, agradeci entre lágrimas e sorrisos.
    Jamais esquecerei essas palavras. Tornaram-se meu lema de vida.
    Sou de Ogum, por Ogum e para Ogum.
    “Eu não seria nada, sem Ogum na minha estrada “!
    , agradeci

  7. Emocionante experiência mãe!!
    Como sabe bem, também tive a sorte de nessa minha breve caminhada viver um dia de Ogum que foi lindo e único. Sinto que é dele, para ele e com ele todas as conquistas da minha vida em todos os sentidos.. que Ogum continue enchendo nossas vidas com sua coragem e força e que sejamos dignos de sua presença e poder.
    Axé!!!!

  8. Axé Mãe,
    Obrigada por compartilhar conosco sua linda história. É linda e emocionante. Posso dizer que Ogum também esteve em ronda na minha vida e me deu um caminho.
    Sem Ogum não há força, determinação, coragem e nem caminhar.. Ele está presente intensamente em nossas vidas.
    Salve Meu Pai! Sua Força sua Luz. Ajude-nos nas batalhas desta vida.
    Que sejamos bons e dignos guerreiros a fim de honrar o caminho que escolhemos. Ogum Yê!!!

  9. Axé mae!!

    Quanto privilegio! Fico muito feliz em participar da Umbanda Carismática!

    Tenho certeza que esse é o meu lugar!

    Salve Ogum!

  10. Eu fui medium de umbanda e tive uma coisa muito parecida com a sua, o Pai da casa sempre saudava Ogum antes da Gira e pedia para que não incorporassemos, eu não consegui segurar, me levei pq tenho paixão por Ogum, apaguei e vibrei em Ogum por um bom tempo. Patacori ô

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